A exatos
190m do meu domicílio no centro de Florença, encontra-se a Igreja Nossa Senhora do Carmo. Lá
dentro, próximo ao altar, está a Capela Brancacci e possui esse nome pelo fato
de ter sido decorada a pedido de Pietro Brancacci, personagem de abastada família
florentina no século XV.
A Capela Brancacci Com afrescos dos mestres pré-renascentistas italianos |
O tema é sobre as passagens da vida do Apóstolo São Pedro, a quem a capela foi originariamente dedicada. Foram encarregados de afrescá-la os ilustres artistas Masaccio e Masolino entre 1423 e 1425. Na época o primeiro havia 22 anos de idade e o segundo 40, todavia trabalharam juntos harmoniosamente.
Masolino,
maestro de técnica tardogótica, exprime seu estilo em comparação com a do jovem e
inovativo colega, mantendo um toque decorativo e refinado. Já a pintura de
Masaccio é repleta de figuras com sólida aparência plástica inseridas em um
espaço realístico. A perspectiva propõe uma ilusão de unidade com as figuras, e
cuja veracidade é enfatizada pela individualização de uma fonte de luz capaz de
projetar as sombras dos personagens na cena.
Detalhe dos afrescos de Masaccio Cenas de São Pedro Pregando (acima) e São Pedro Curando os Doentes com sua Sombra |
Infelizmente os dois artistas não puderam completar a obra. Para finalizá-la, quase sessenta anos depois foi convocado o artista
renascentista Filippino Lippi, filho do conhecido Filippo Lippi que afrescou o
Duomo de Spoleto. Filippino fez sua intervenção de forma respeitosa com as obras dos colegas predecessores, o que confere à capela uma homogeneidade estilística.
Em 1460 a
capela é intitulada à Madonna del Popolo e ganha uma pintura sobre madeira com
o tema da Virgem e o Menino Jesus, originalmente de 1268.
Imagem da capela Detalhe à pintura sobre madeira da Madonna |
A obra de
Masaccio e Masolino na Capela Brancacci teve uma importância extraordinária no
desenvolvimento do Renascimento, influenciando gerações de grandes mestres que
vieram aqui para estudar e copiar seus maravilhosos legados. Giorgio
Vasari escreveu que a capela era uma “escola para o mundo”, o ponto de partida
para toda a pesquisa sobre a luz, perspectiva, cor e plasticidade das
figuras, sendo uma verdadeira renovação artística.
A capela
sofreu algumas modificações, principalmente no século XVIII quando houve um incêndio na igreja, que a
danificou parcialmente. Com os
restauros realizados nos anos 1980, os afrescos recuperaram suas cores
originais.
Detalhe de um dos afrescos e seu restauro Técnica utilizada se chama rigatino, que propõe complementar cromaticamente as partes faltantes da obra |
CURIOSIDADES
- São Pedro pode ser reconhecido nos afrescos pela veste laranja;
- A roupa de grande parte dos personagens são as do século XIV e não do tempo de Pedro, uma forma didática para que o leitor da obra se sentisse parte dela e mostrar que seu exemplo deve ser seguido em qualquer época;
- Na cena do Battesimo del Neofiti há uma perfeição no "efeito molhado" que Masaccio faz no cabelo e na sunga do personagem ajoelhado;
- Nas cenas La resurrezione del figlio di Teofilo e San Pietro in Cattedra identificamos muitos personagens da época. O grupo no canto direito são os grandes artistas da época: Brunelleschi, Alberti, Masaccio e Masolino; Já o Carmelitano em pé, à direita dos idosos, pode ser um retrato mais jovem de Filippo Lippi, pai de Filippino e aprendiz de Masaccio.
Fonte das
Imagens: Arquivo pessoal
Fontes:
http://www.francescomorante.it/pag_2/204ba.htm
http://museicivicifiorentini.comune.fi.it/brancacci/descrizione.htm
https://passeiosnatoscana.com/2015/03/29/cappella-brancacci-um-local-para-entender-o-renascimento/
Folheto impresso explicativo sobre a Cappella Brancacci
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