Arquitetura Islâmica: breve introdução sobre mesquitas



Não há leitor(a) que não se envolva com a riquíssima cultura árabe e sua arquitetura que remeta os contos de Mil e Uma Noites. Eu pessoalmente sou uma delas.

É o estilo construtivo produzido pelo Islã, formado por um conjunto de povos que segue essa religião monoteísta fundada pelo profeta Maomé na Península Arábica. É uma arquitetura que expressa, através de seus espaços e componentes, as crenças e costumes relacionados originalmente ao campo espiritual, social, econômico e político destes povos.

As restrições religiosas sobre representação de figuras humanas e de animais impediu a evolução de técnicas como a pintura e a escultura e acabou por transformar a arquitetura na modalidade artística mais desenvolvida.

As principais tipologias da Arquitetura Islâmica são os Palácios, as Mesquitas, os Fortes e os Túmulos. Aqui vou introduzir brevemente o tema sobre as Mesquitas porque, em virtude de sua forte religiosidade, é uma parte da arquitetura que encontra sua melhor expressão, sendo o edifício destinado às orações comunitárias. 

Fachada da Mesquita Sheikh Lotfollah , construída no século XVII
Uma das grandes obras religiosas tradicionais no Irã


Quando visitei a Grande Mesquita Sheikh Zayed, em Abu Dhabi (Emirados Árabes)
E logo atrás o pátio central

Com um exemplar de Alcorão nas mãos (livro sagrado)
Na Mesquita de Jumeirah, Dubai

Baseando-se na casa do Profeta


As mesquitas foram maiormente construídas entre os séculos VI e VIII, seguindo o modelo da casa de Maomé em Medina. Era local de reuniões para rezas, centro político, hospital e refúgio para os mais pobres. Essas funções foram herdadas por mesquitas e alguns edifícios públicos, e eram compostas por:
  • uma planta quadrangular, com pátio voltado para o sul;
  • duas galerias com teto de palha e colunas de tronco de palmeira;
  • área de oração coberta;
  • pátio com as fontes para as abluções (lavagem dos fiéis antes da oração). 

No entanto, a arquitetura sagrada não manteve a simplicidade e a rusticidade dos materiais da casa do profeta, sendo exemplo disso as obras dos primeiros califas: Basora e Kufa, no Iraque, a Cúpula da Rocha (ver foto abaixo), em Jerusalém, e a Grande Mesquita de Damasco. Contudo, persistiu a preocupação com a preservação de certas formas geométricas, como o quadrado e o cubo. O geômetra era tão importante quanto o arquiteto. Tudo era estruturado a partir da geometria, já que até a língua árabe é numérica e os edifícios e seus ornamentos eram a tradução arquitetônica das fórmulas e números de caráter místico, segundo sua doutrina.

Domo da Rocha ou Mesquita de Omar
Situada no Monte do Templo, na Cidade Velha de Jerusalém


Desenho esquemático arquitetônico
Demonstra a composição base de uma mesquita

Características Decorativas


Outro aspecto característico da arquitetura islâmica é a riqueza da decoração, com base em motivos epigráficos (inscrições com trechos do Alcorão em escritura cúfica ou naskh), vegetais (palmas, folhas de videira e de acanto) e geométricos (arabescos). Estes ornamentos são combinados elementos naturais – A Luz, a Água e a Vegetação.

A Luz é um de seus principais componentes, por razões espirituais e por razões práticas, ligadas ao conforto térmico do edifício. A Água e a Vegetação são utilizadas também por motivos ambos práticos e místicos. A água e o verde remetem à promessa do Paraíso, a ser encontrado na além-vida.

Em sua origem é uma arquitetura profundamente comprometida com o campo metafísico e divino – a concepção de suas formas materiais tem uma razão de ser bastante espiritual. É conhecida como uma “arquitetura velada”. Em geral, seus volumes e fachadas pouco revelam sobre a função do edifício e seus espaços exteriores não traduzem a natureza do interior da construção, geralmente mais rica e ornamentada. Os ornamentos, criados em cores e texturas variadas, variam desde pinturas, azulejos, mosaicos, e formas geométricas esculpidas em materiais diversos. 

A Mesquita Umayyad ou Mesquita de Damasco
Uma das maiores e mais antigas no mundo

Entre outros motivos, o uso de ornamentos na arquitetura islâmica tem por objetivo confundir o olho humano e criar valores contrários à tectônica do edifício, valores ligados às questões metafísicas: não-substancialidade da estrutura, sensação de leveza, ideia de espaço ilimitado.

Devido à Expansão Islâmica, ocorrida entre os anos 632 – 732 d.C., hoje são encontrados exemplares dessa arquitetura em uma área que abrange a Ásia Central, Oriente Médio e porções do Mediterrâneo, do norte da África à Península Ibérica.

Foto pessoal: quando visitei a Mesquita Brasil em São Paulo
Detalhe ao mimbar (púlpito) e mihrab (que indica a qibla, ou direção à Meca)


Fontes e Imagens: Internet e Arquivo Pessoal
http://www.estilosarquitetonicos.com.br/arquitetura-islamica/
https://archurbs.wordpress.com/2012/10/08/arquitetura-islamica/
http://www.islamemlinha.com/index.php/artigos/arte-a-cultura/item/arquitetura-islamica
http://www.islam.org.br



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