Washi: o papel japonês e seu uso na arquitetura



Washi (和紙) é um tradicional papel japonês, sendo “wa” o significado da palavra ‘japonês’ e “shi” da palavra ‘papel’.

Sua técnica artesanal é considerada Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

Há muitos séculos este papel japonês é produzido por famílias ou pequenas comunidades nas zonas rurais do Japão. Duas das maiores características que tornam o papel washi único e especial são sua força e durabilidade, pois é composto por longas fibras, diferente dos papéis industrializados.

Washi Tesuki
Folhas do papel washi

Evolução do processo de produção do papel
Diferentes gramaturas e percentuais

Etapa da fabricação do washi
Um dos momentos que antecedem a secagem

Ichibei Iwano, Tesouro Vivo Nacional Japonês
Fabricante da série de papéis Iwano de Echizen


Como é produzido

Em seu processo de fabricação são utilizadas matérias-primas como as fibras dos arbustos Kozo (amoreira) , Mitsumata ou Gampi, que permitem a produção de papéis dos mais diferentes tipos e para as mais variadas aplicações. Outras fibras tais como cânhamo, abacá, rayon (seda artificial), crina de cavalo e folha de prata são algumas vezes misturadas com as outras fibras para efeito decorativo.

Imagens dos três arbustos
Suas fibras originam o papel

Detalhe das fibras de cada planta
E o respectivo resultado final da folha de washi

Passo-a-passo
Evolução do trabalho sobre as fibras naturais

Os troncos destes arbustos são aparados e colocados dentro de água fervente, depois ficam de molho na água fria. Então a casca externa é removida e a resistente fibra interna separada, recolocada em água limpa, fervida novamente, depois batida e esticada.


A adição da fibra batida é combinada a uma solução líquida com tororo-aoi (raiz de hibisco fermentada) e resulta em uma mucilagem quando é misturada.



É essa "pasta" que é lançada uniformemente sobre uma tela de malha de bambu (chamada de su) para formar cada folha de papel. Os lençóis são comprimidos (para retirar o excesso de água), empilhados e depois colocados para secar em madeira ao sol.


Onde pode ser usado

Suas diversas gramaturas possibilitam seu uso em impressos e embalagens, desenhos, além na wagasa – a famosa e tradicional sombrinha japonesa.


Muitas formas de arte são criadas a partir do papel washi, tais como o tão conhecido Origami, além de outras técnicas tais como o Washi-ê, Tigiri-ê e Kiri-ê.



O papel washi também é perfeito para a restauração de livros raros, documentos antigos e obras de arte, sendo utilizado por diversos órgãos e institutos conservacionistas no Brasil e no exterior.


Arquivo Pessoal: Aula de Restauro de Papel
A borda da página desse antigo livro foi completada com washi ou carta giapponese, em italiano


Lanterna japonesa
Feita com o papel artesanal japonês


Washi em Design de Interiores e Arquitetura

Na decoração, devido à sua grande variedade de cores e texturas, além do efeito translúcido, os papéis japoneses são fonte de inspiração para arquitetos e decoradores. Suas inúmeras estampas e padrões possibilitam seu uso em objetos tais como biombos, divisórias, luminárias, painéis e muitos outros.

Um dos primeiros usos de washi no Japão foi para shoji, ou as portas de papel corrediças feitas de madeira. Para revestimentos de janelas e como persianas, os papéis translúcidos são perfeitos. A beleza suave da filtragem de luz através do papel adiciona calor e luz a qualquer ambiente. Podem ser aplicados como papéis de parede e revestimentos para móveis.

Shoji (障子)
As tradicionais portas corrediças japonesas

Design de Interiores
O uso do washi translúcido em um espaço

Washi na contemporaneidade
Diversas formas e desenhos e uso da referência tradicional japonesa


O washi na Japan House São Paulo


O milenar papel washi faz parte importante da JAPAN HOUSE São Paulo através de uma parceria inovadora entre dois grandes nomes japoneses: o artesão Yasuo Kobayashi e o renomado arquiteto Kengo Kuma.


Para a JAPAN HOUSE São Paulo, Kuma-san projetou em parceria com o escritório paulistano FGMF Arquitetos espaços com telas vazadas de metal e imaginou-as recobertas de papel washi. Assim surgiu o desafio: Yasuo Kobayashi teria que inovar, levando o processo milenar a um novo patamar, incorporando as chapas metálicas na produção.


Kobayashi-san
"O papel washi é como o homem: envelhece e se fortalece com o tempo"

Imagem da Japan House São Paulo
As telas metálicas vazadas e recobertas com washi

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